Pesquisar este blog

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Acidente de Trabalho - Funcionária morre em acidente de trabalho em frigorífico de Jataizinho Pauline Almeida




A mulher identificada como Patrícia estava limpando uma esteira quando se desequilibrou, caiu sobre o equipamento, teve o corpo puxado e prensado em outro maquinário, segundo o relato dos companheiros de trabalho à rádio Paiquerê AM.


Os trabalhadores ainda tentaram salvar Patrícia, mas não tiveram sucesso. Perto das 10h30, policiais militares e civis já se encontravam no frigorífico e se aguardava a chegada de uma equipe do Instituto Médico-Legal (IML) para a remoção do corpo.

Os funcionários estavam indignados com o acidente de trabalho e questionavam a necessidade de mais segurança, de acordo com a rádio Paiquerê AM.

Fonte: O Diário Paraná

Observações:
Evento com alto potencial de dano;
Falta de Instruções de trabalho;
Falta de APR / ART / AST - ou outro nome que queiram dar;
Falta de sistemática de Isolamento e bloqueio;
Falta de treinamento em reconhecimento de perigos, com objetivo de se eliminar riscos.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Evento celebra 20 anos de Programa de Proteção Respiratória


A Fundacentro realiza no dia 11 de abril o evento “20 anos de PPR – Experiência bem sucedida na Prevenção da Saúde do Trabalhador”. “O PPR é um documento elaborado em 1994 em atendimento à Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril, da Secretaria de Inspeção do Trabalho (Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, na época), que foi um dos primeiros regulamentos na área de SST construído de forma tripartite.”, explica o tecnologista da Fundacentro, José Damásio de Aquino.

“A IN n°1 estabelecia uma diretriz de como utilizar os equipamentos de proteção respiratória no ambiente de trabalho. A partir disso, foi criado o Programa de Proteção Respiratória com instruções mais detalhadas sobre seleção e uso de respiradores”, completa Damásio.

A programação do evento trará o histórico do PPR e discussões sobre a implantação do programa. Serão apresentadas visão de sindicalista que participou da elaboração do programa, a experiência de aplicação em uma empresa industrial e na área de saúde. Problemas e soluções também estarão em pauta na palestra do professor aposentado da Universidade de São Paulo – USP, Maurício Torloni, que também é o coordenador da Comissão de Estudos de Proteção Respiratória do Comitê Brasileiro 32, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

Desde sua criação, o manual Programa de Proteção Respiratória está entre as publicações mais acessadas da Fundacentro. Uma nova edição foi preparada e será disponibilizada em breve. A instituição também tem realizado cursos sobre o programa em quase todos os estados do Brasil, exceto Acre, Amapá e Rondônia.

O Programa de Proteção Respiratória ainda inspirou a criação da Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores de Saúde , da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa, que contou com a participação de Silvia Helena de Araújo Nicolai, tecnologista da Fundacentro.

Outra ação da Fundacentro é a participação em fóruns da ISO (International Organization for Standardization) como o SC 15 - Subcomitê de Proteção Respiratória, responsável pela elaboração de normas técnicas de desempenho e avaliação de respiradores.

O evento tem a coordenação técnica de Antônio Vladimir Vieira, chefe do Serviço de EPI (Equipamento de Proteção Individual ) da Fundacentro, e de José Damásio de Aquino. Ambos participaram da construção do PPR. Mais informações são disponibilizadas na área de cursos do site da Fundacentro. As vagas são limitadas.

terça-feira, 1 de abril de 2014

NR33 – Avaliações e desafios da norma.




Paula Scardino, presidente da ABS, especialista em instrumentação e controle de gases perigosos e irradiação de campo eletromagnético e idealizadora e criadora da NR 33 que trata de espaços confinados faz uma avaliação da Norma depois de 6 anos de sua publicação e sinaliza a necessidade de revisão geral da norma e melhor aplicação dos treinamentos.

“Havia um tempo que eu já estava estudando a questão dos espaços confinados a pedido da Telebrás, então um dia, no escritório da empresa que eu trabalhava encontrei Francisco Kulcsar, engenheiro da Fundacentro, que também estudava medidas preventivas para espaços confinados em galerias subterrâneas. A partir de troca de impressões e conversas sobre o tema começamos a discutir as questões e os riscos que envolviam espaços confinados, tivemos então a ideia de sentarmos e escrevermos a primeira proposta de norma sobre espaço confinado, na época NR30”, relembra a técnica em instrumentação e controle de gases perigosos e irradiação de campo eletromagnético, Paula Scardino.

“Foi assim que em 1995, nós coletamos as normas do mundo todo que falavam sobre espaços confinados para nos inspirar a elaborar e redigir a norma para atender a necessidade do Brasil, não foi cópia de nenhum outro lugar. Levamos 6 meses para fazer o primeiro projeto e protocolar no Ministério do Trabalho. Enquanto a norma não saía, nós nos utilizávamos da Revista CIPA para publicar os textos de propostas da norma, para já começar a orientar os profissionais de segurança sobre o check list sobre espaço confinado, entre outras coisas”.

Paula conta que iniciou na área de segurança do trabalho em 1993 a pedido do Ministério das Telecomunicações. “O governo pediu para a empresa que eu trabalhava uma maneira de estudar métodos de controle para evitar as mortes de trabalhadores em galerias subterrâneas, que é considerado espaço confinado clássico”. Foi ai que iniciei uma série de visitas a empresas da área industrial e era sempre muito dramático. Em toda empresa que chegava havia um óbito e nunca era um só, era sempre em decorrência do efeito dominó. Comecei a perceber que os profissionais da área de segurança não sabiam utilizar os detectores de gás e que no Brasil isso se tornou completamente vulnerável, porque ninguém lia o manual de operação dos aparelhos, ninguém sabia que os detectores de gás tinham que ser testados e calibrados. Certa vez, um técnico para testar um detector de gás jogou gás de isqueiro em cima da grade do sensor, levando o equipamento a over flow que é considerado acima de escala, matando o sensor e com esse mesmo equipamento liberando entrada de trabalhadores em espaços confinados, com o sensor já morto”.

“Na época, anterior às NBRs sobre espaço confinado e a NR 33, nós matamos muitas pessoas usando somente explosímetros para medir atmosfera saturada de gás, quando ninguém lê o manual para saber que o explosímetro não alarmaria, porque não havia oxigênio e o princípio do sensor era por combustão, sempre foi, combustão catalítica e para o aparelho funcionar necessitaria de oxigênio. Então imagine uma galeria subterrânea cheia de gás metano, colocar um explosímetro para medir a quantidade de gás e o detector indicar zero de presença de gás, mas na verdade esse zero era falso, e a galeria estar repleta de gás. O técnico liberar a entrada de pessoas e por não ler o manual e desconhecer o funcionamento do equipamento matar trabalhadores.” Foi dessas experiências que Paula teve a ideia de criar uma norma específica para espaços confinados.

Ainda de acordo com ela o que mais a preocupa hoje em dia são profissionais técnicos e engenheiros que entendem possuir um leque de conhecimento técnico vasto, aplicar treinamentos com informações erradas. Paula diz que vê muitos treinamentos de NR33 em que estão ensinando que se um trabalhador no interior do espaço desmaiar existe um sistema de tripé no espaço confinado em que o vigia vai içar o trabalhador para fora. “Isso está sendo ensinado em 90% dos cursos ministrados no Brasil. Ora, qual é o princípio de salvamento? Se você encontra alguém acidentado na rua, o primeiro princípio é não mexer na vítima e chegamos nos espaços confinados e o primeiro passo é içar a vítima? O vigia possui rádio comunicador e deve chamar o resgate, e só. Ele não tem treinamento para salvamento e resgate.”

“Foi daí que alteramos a palavra resgate técnico descrito na primeira versão da norma para salvamento em espaço confinado. Salvamento significa 4 em 1. Localize a vítima, dê os primeiros socorros, remova, encaminhe para pronto atendimento. Não podemos aceitar isso, porque na retirada errada do colaborador podemos fazê-lo fraturar algum membro ou mesmo deixá-lo paraplégico devido as interferências e especificidades de cada interior do espaço confinado. O içamento acarreta uma multiplicação de força violenta”, ressalta a técnica e criadora da norma a respeito do que vem sendo feito no dia a dia.

Paula conta que há cerca de alguns meses uma empresa com uma vasta área de concessão no estado do Rio de Janeiro colocou como procedimento de salvamento, chamar os bombeiros, 193. Na área de trabalho não havia sinal de celular. “Isso significa má gestão. É preciso uma viatura, com equipamentos adequados ao salvamento e equipe especializada.”

Segundo a técnica em instrumentação e controle de gases perigosos, outro erro gravíssimo cometido em espaços confinados é a medição dos gases somente pelo lado de fora, visto que existem espaços com geometrias muito complexas. “Com uma mangueirinha joga na vertical e horizontal e pronto. Os supervisores não entenderam. É preciso fazer a primeira medição fora e depois entrar para medir. E são necessários levar 4 equipamentos básicos: um rádio comunicador, uma luminária, uma lanterna e um detector de gás, que sejam para zonas de alta probabilidade de presença de gás. Intrinsecamente seguro é apenas uma parte da marcação do equipamento, ninguém conhece o resto.”

“O que dá para notar é que não há gestão de espaço confinado, o correto é o supervisor de entrada assinar uma Permissão de Entrada e Trabalho - PET desde que haja um plano de emergência e salvamento. Percebo que a grande maioria está assinando que tem, mas não tem.”

Apesar de encontrar muitos desvios em campo e no próprio treinamento ministrado pelos profissionais da área técnica, Paula sinaliza que cenário está bem melhor. Antes, havia muitas mortes e hoje este número caiu consideravelmente.

Uma das atitudes que ela pretende tomar é reativar o Comitê Técnico sobre Espaços Confinados na Agência Brasil de Segurança para discutir as mudanças na NR 33 e encaminhar a proposta de revisão geral da norma para a CTPP (Comissão Tripartite Paritária Permanente) e as representações que a compõem, já em 2013.


Fonte: Agência Brasil de Segurança, por Patrícia Pontes, 31.03.2014